A Cubo Preto vem prestando serviços de concepção, pesquisa e coordenação dos estudos que o Instituto Sidarta realizou junto aos seus alunos, contemplando o patrimônio material e imaterial de Cotia e região. A escolha da temática já estava realizada desde o início deste ano em consonância com o tema anual da UNESCO que é "Cooperativas". Entretanto, faltava pensar em ações e atividades que amarrassem às mesmas ao tema "Cooperação" e à cada turma de alunos, da Educação Infantil ao Ensino Médio.
Assim, pensar nos grupos que seriam as bases deste trabalho, nas vivências com os fazedores da cultura local; conceber a decoração que incluiu a produção de flores de papel crepom, ao modo das muitas festas populares de matriz africana; e, os estandartes, foram algumas das ações da Cubo Preto.
A festa junina do Instituto Sidarta, que ocorreu em 02 de junho, foi maravilhosa e contou com apresentações dos grupos Maracatu Nação Cambinda (Raquel Trindade, Embu das Artes) e Congada do Mestre Dito (Benedito de Castro, Cotia), além do resultado das oficinas realizadas com os alunos.
O intuito não foi de fazer uma congada e um maracatu "copiando" os grupos convidados, mas sim tê-los por base a partir das vivências que foram desenvolvidas de abril a maio.
Abaixo segue um dos textos elaborados pela Cubo Preto para explicar e aproximar pais e comunidade Sidarta deste acontecimento.
Agradecemos a oportunidade de realizar este belo trabalho e estamos abertos a outros desafios. Agradecemos também à equipe do Núcleo de Projetos e ao Coordenador de Artes da instituição Anderson Rei.
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Raquel Trindade em vivência junto aos alunos do Instituto Sidarta. |
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Alunos atentos. |
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Raquel Trindade e seu filho e músico Vitor da Trindade. |
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Vitor ensinando Maracatu aos alunos. |
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Primeiro somente com os dedos. |
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Alunos produzindo estandartes para decoração da escola. Todos inspirados nos estandartes de festas populares. |
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Flores de crepom para a decoração. |
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Produção de tapete de serragem a partir do tema "Cooperação". |
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Materiais recicláveis também entraram para compor os tapetes. |
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Estandartes prontos para o dia da festa junina. |
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Tapetes também. |
Materiais utilizados para compor a decoração.
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Mestre Dito. |
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A festa. |
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Ariane Neves, educadora e artista que ensaiou os alunos da Educação Infantil para as apresentações de congada e maracatu.. |
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Manoel Trindade, que ensaiou os alunos do Fundamental 1 em relação ao maracatu. Geraldo Magela que deu apoio musical aos alunos que executaram e cantaram as músicas durante a festa junina. |
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Maracatu dos alunos do Instituto Sidarta. |
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Raquel Trindade conduzindo seu Maracatu Nação Cambinda! |
Sobre as Festas Populares – Maracatu e Congada
Nesta Festa Junina de
2012, ao adotarmos o tema Cooperação como eixo de diversas atividades que serão
desenvolvidas com nossos alunos ao longo do ano, privilegiamos a cultura
material e imaterial de Cotia e região.
Neste contexto,
destacamos as festas do Maracatu e da Congada, aqui feitas respectivamente pela
família de Dona Raquel Trindade, que vive em Embu das Artes, e pela família do
Senhor Benedito, que vive em Cotia.
Mais do que festas
populares, o Maracatu, proveniente de Pernambuco, e a Congada, comum no
interior de Minas Gerais e São Paulo, são folguedos surgidos no hostil ambiente
da escravidão e que, em suas comemorações, rememoram fatos da história de nosso
país.
No Maracatu dançado e
cantado pelos dançarinos e músicos da Nação Kambinda do Teatro Popular Solano
Trindade, grupo organizado por Dona Raquel, são reis e rainhas, príncipes e
princesas, porta-estandartes, baianas, dama do paço e vários outros personagens
que remontam o período do Brasil Império vestidos ricamente à maneira de uma
corte ao mesmo tempo em que dançam sob o poderoso som de instrumentos de
percussão. A Calunga que abre os cortejos simboliza a dolorosa travessia do
oceano Atlântico ao mesmo tempo em que representa ancestralidade e força.
Na Congada, Mestre
Dito, suas filhas e companheiros, rememoram a importância de reis e rainhas do
Congo, antigo e poderoso reino africano de onde saíram muitos escravizados para
ajudar na construção de nosso país. Ao mesmo tempo, reverenciam santos negros
como São Benedito e Santa Ifigênia, protetores dos negros, bem como Nossa
Senhora do Rosário dos Homens Pretos. A percussão se mescla ao som de violões
junto à dança feita em filas, com bastões e com seus componentes vestidos,
geralmente em branco e azul.
Compreendemos que tais
manifestações populares são de grande importância para a cultura de nossa
região, e que os nossos alunos aprenderam muito ao terem contato com estas
atividades artísticas que valorizam o sentimento de unidade, continuidade e pertencimento.
Temos certeza de que estes valores foram vivenciados e apreendidos por nossos
alunos durante as diversas ações, oficinas e palestras realizadas como
preparação para esta Festa Junina!
Renata Felinto